Thursday, November 10, 2011


Baseado em Fatos Reais II:

"(...) those who write history (...) do so from a given philosofical point of view and this would seem to trap us in a vicious circle.[1]

Baseado em Fatos Reais[2] é uma proposta que parte de uma residência artística com o mesmo nome, realizada entre Julho e Agosto de 2011 no Rio de Janeiro. A apresentação na Galeria A50 em Lisboa mantém o nome brasileiro Baseado em Fatos Reais sendo II por ser o segundo evento com este nome.

TC texto 1:
A gestão do Caos:
“Ao contrario do que me terá sido incutido nas escolas de arte e de arquitetura que frequento[3] não costumo depurar os elementos costitutivos de uma apresentação mas, pelo contrario, interessa-me deixar falar a sobreposição, a redundância, a repetição e mesmo o excesso de cada e do todo desses elementos[4].
Célula / Processo / Desejo / Momento / Caos.

TC texto 2:
A memória:
“No navio que troca o faroleiro da Ilha Selvagem de 6 em 6 meses vejo o homem que deixa o posto. Tem um pequeno barco muito decorado com pinturas ornamentais. Terá tido tempo para o fazer. Mostra cada detalhe, os animais que vê e os memorizados, as plantas, os símbolos. Pintura. Ornamento. Desejo. Depoimento. Tempo. Memória. Desejo outra vez.[5]

TC texto 3:
A prisão:
O isolamento é uma das torturas praticadas em prisões. Alguns prisioneiros relatam o que fazem durante esse tempo. Contas de cabeça, jogos, canções, exercício físico, masturbação, algumas destas atividades fortemente baseadas na memoria. Ornamento: Desejo. Jogo. Memoria. Tempo. Desejo. Morte.

Esta apresentação lisboeta de Baseado em Fatos Reais tem como base uma tela branca que cobre todo o chão onde está montado todo o conjunto de peças:

Pinturas sobre a parede, sobre tela, sobre madeira e sobre objetos. Sobreposição de objetos.
Objetos desejáveis / objetos indesejáveis. Objetos úteis /inúteis.
Esculturas, objetos acumulados.
Plantas vivas, naturezas mortas, troféus de caça.
Memorias talvez deturpadas ou facciosamente apresentadas. “Falsos” reproduções e “originais”.
Uma “entrada” para cada um e para cada uma.
Avisados, avisadas, homem, senhora, criança, animal?
Luzes a criar ambiente. Bebidas espirituosas.

Esta apresentação será, possivelmente, uma síntese das apresentações anteriores:

Working For Change:
Em Veneza, no projeto para o Pavilhão de Marrocos[6], tenho uma tela onde nos podemos sentar, uma tela a cobrir a minha mesa de trabalho e uma tela no chão que serve de resguardo à tinta que cai da pintura na parede. Joseph Kosuth afirma em tom de graça qualquer coisa como: -”enfim vejo pinturas que servem para alguma coisa!”

Un Thé a La Menthe Chez l’Habitant:
Em Tânger apresento o happening: “Un Thé  la Menthe Chez l’Habitant” onde crio dois locais possíveis para alojamento de um solteiro e de uma solteira. Para isso convenço a agente de Arte[7] que me faz o convite, a convidar, por sua vez, o público a tomar um chá na sua própria casa de Tânger.

(...)


[1] "(...) quem escreve a história (...) fá-lo de um determinado ponto de vista filosófico o que fará com que sejamos apanhados num círculo vicioso". DE LANDA, Manuel - A Thousand Years of Nonlinear History (Introduction) pp14; Sweerve Editions; New York, 2000
[2] (Baseado em Fatos Reais é uma frase retirada de uma novela brasileira (em português do Brasil – em Portugal dir-se-ia: “factos” – mesmo respeitando o novo acordo uma vez que se diz o “c” de “factos”sendo que “fatos” se torna um “falso amigo” que no Brasil se designa por “ternos”). Entre os dois significados poderemos interpretar a frase ora referente a acontecimentos verídicos ora roupagens da realeza. (...)
[3] Arquitetura: Universidade Lusíada; (Lisboa) Politécnico (Milão);FA (Veneza); PhD Teoria de Arte e Arquitetura: Pantheon Sorbonne (Paris); EHESS (Paris); Arte: Ar.Co (Lisboa); Maumaus (Lisboa).
[4] O depuramento lembra-me em demasia a legitimação falida da forma Racionalista - Modernista.”
[5] Ao mesmo tempo fico a saber que há falta de faroleiros e que posso ir para lá 6 meses quando quiser. Vivo com isso. Com essas possibilidades. Posso ir para lá ou tslvez possa fazer o mesmo, aqui.

[6] Moroccan Pavillion – 54th Venice Biennale 2011
[7] Tradução: Um Chá de Menta em Casa de um /uma Local? (Frase retirada de uma publicidade francesa ao turismo Marroquino). A “local” neste caso é a própria agente que me propõe a exposição. Happening de 3 horas – 2007.

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